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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Carta para suspeita de assassinato revela medo, diz grafólogo


As mensagens deixadas pela menina de 13 anos morta a socos por uma boxeadora, namorada da própria mãe, em Praia Grande, no litoral de São Paulo, podem revelar detalhes da personalidade e dos sentimentos da jovem. A análise feita pelo grafólogo João Martins mostra que a garota mesclava sentimentos de inferioridade com desconfiança, medo e até ressentimento. Uma das cartas seria entregue para Ana Luiza Ferreira, mãe da vítima, e a outra para Elizabeth Fernandes dos Santos, suspeita de ser a assassina.

Ana Beatriz de Souza foi morta no último dia 15 de julho, dentro da própria casa, no Jardim Anhanguera. Além da mãe, que já está presa, Elizabeth e José Bento de Souza, ex-marido de Ana Luiza, também são suspeitos de participar do crime e estão foragidos. O corpo da menina foi encontrado na Rodovia Anchieta com várias fraturas e ferimentos pelo corpo, além de sinais de esganadura. Segundo o delegado responsável pelo caso, as cartas foram anexadas ao processo e provam que a garota não tinha um bom relacionamento com a família.

Na carta que seria entregue para a mãe, a jovem assassinada afirma não ser boa filha. Além disso, a menina explica para a mãe que o objetivo do documento não é fazê-la chorar. Segundo Martins, a análise foi feita tentando expressar ao máximo os sentimentos da criança no momento em que ela escreveu o bilhete, conservando detalhes como a linha de raciocínio e a linguagem. "Esse texto demonstra o sentimento de inferioridade da menina, com uma escrita pequena e estreita", explica o especialista em análise de escrita.

Em outro trecho do documento, a jovem escreve "ti amo muito mesmo não acreditando, sou sua filha mas as veses sinto como se fosse uma intrusa" (sic). Martins explica que novamente o sentimento de inferioridade vem à tona neste trecho. "Ela mistura o mesmo sentimento de inferioridade em relação ao momento, mas existem agora nuances, como no ínicio da frase em que diz "ti amo muito" com a escrita redonda que mostra amabilidade e bondade", conta.

Martins levanta ainda uma questão sobre o modo como a jovem grafa o nome da amante da mãe. "Esse trecho demonstra desconfiança, medo e ressentimento com a letra estreita e apertada e o T largo, além da letra B sinuosa quase se tornando ilegível, bem diferente de como ela escreve Luiz", explica.

Leia os bilhetes na íntegra
“Mãe, não sou uma boa filha, mas não estou fazendo essa carta para que você chore ou fique com pena, só quero que saiba que eu te amo muito. Mesmo não acreditando. Sou sua filha, mas às vezes sinto como se fosse uma intrusa nessa família. Mesmo assim te amo e gosto muito de você, da Beth e do Luiz. Desculpa por ser assim tão desobediente, é meu jeito”.

“Beth, sei que tenho te tratado muito mal, mas quero que saiba que não é porque não gosto de você, mas sinto que às vezes sou intrusa. Fico muito sozinha e estressada. Mas eu gosto muito de você e sei que sente saudade das suas filhas”.

O crime
A mãe da vítima, Ana Luiza Ferreira, participou de uma reconstituição do assassinato da adolescente na última quarta-feira (8). De acordo com ela, o crime aconteceu quando um outro filho, de 7 anos, dormia em um quarto em frente ao local do assassinato. "Ela alegou que houve uma discussão muito forte entre a filha dela e a Elizabeth, que é namorada da Ana Luiza. A Elizabeth, que é boxeadora, teria agredido a filha dela com socos até a morte. Ela disse que tentou afastar a amante, mas não conseguiu. A reconstituição serviu para mostrar como a mãe foi omissa", explica o delegado Luiz Evandro Medeiros, responsável pelo caso.

Depois de ter visto a filha morta, Ana Luiza foi até o carro buscar um cobertor para esconder o cadáver. Durante a reconstituição, uma pequena fogueira foi encontrada nos fundos da casa com várias roupas queimadas e um anel. A polícia acredita que o trio pretendia enterrar a menina dentro da própria casa, ao invés de jogar o corpo na estrada.

Outra hipótese
Apesar da mãe da vítima alegar que o assassinato aconteceu por causa de uma briga familiar, a polícia trabalha com uma outra hipótese. "Nós temos testemunhas protegidas que garantem que o ex-marido dela é traficante e usava a mãe e a adolescente para transportar drogas. A menina teria perdido uma quantidade de entorpecentes, o que motivou uma cobrança dos mais velhos. A mãe e a Elizabeth resolveram se desfazer da criança para compensar a cobrança por parte dos traficantes", explica o delegado.

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